Introdução
De acordo com o Decreto-Lei n.º 75/2008, os Agrupamentos de Escolas podem, no desenvolvimento da sua autonomia, designar professores tutores para acompanharem de forma particular o processo educativo de um grupo de alunos.
Pretende-se, assim, fomentar o desenvolvimento integral da criança/jovem, potencializando o seu sucesso educativo.
Âmbito de aplicação
Podem ser acompanhados no âmbito da Acção Tutorial alunos do 2º e 3º Ciclo, da escola sede do Agrupamento; alunos do 1º Ciclo e Pré-Escolar, nos estabelecimentos de ensino correspondentes.
Objectivos da Acção Tutorial
Tal como mencionado no Projecto Educativo TEIP do Agrupamento, a Tutoria tem como objectivos:
a) Acompanhar de forma individualizada e em grupo/turma alunos, ao longo do seu percurso escolar;
b) Contribuir através das tutorias para o sucesso escolar do aluno/turma e diminuição do abandono escolar;
c) Facilitar a cooperação educativa entre alunos, docentes e famílias;
d) Descobrir com os alunos novas formas de expressão, novos rumos na definição de objectivos pessoais;
e) Promover a articulação das actividades escolares com outras actividades formativas.
Pretende-se, assim, trabalhar com o aluno/turma ao nível pessoal, social e da aprendizagem.
Ao nível pessoal:
- Ajudar o aluno a conhecer-se melhor;
- Informar e apoiar os alunos nos problemas relacionados com a sua faixa etária;
- Incentivar o aluno para o desenvolvimento consciente da sua história pessoal.
Ao nível social:
- Ajudar na integração do aluno na turma e na escola, procurando despertar nele atitudes positivas em relação à escola, aos professores e aos pares;
- Fomentar a participação na vida escolar;
- Fazer uma análise conjunta dos comportamentos dos alunos, procurando promover a adopção de formas de actuação mais favoráveis ao sucesso educativo e a uma boa integração escolar e social.
Ao nível académico:
- Analisar com o aluno os seus resultados escolares, de forma a definir, em conjunto, eventuais (re)adequações na gestão e organização do seu trabalho;
- Ajudar os alunos a avaliar continuamente o seu processo de ensino-aprendizagem;
- Apoiar o aluno a tomar consciência das suas concepções sobre a aprendizagem e a motivação para o estudo;
- Auxiliar o aluno na aquisição de estratégias de aprendizagem e técnicas de estudo;
- Acompanhar a sua aprendizagem, detectando as áreas bem sucedidas e áreas de dificuldade;
- Ajudar os alunos a melhorar a sua imagem da escola, bem como as suas expectativas face à mesma;
- Aconselhar e, eventualmente, propor ao director de turma programas de recuperação, de apoio e/ou reforço educativo.
Princípios da Acção Tutorial
A acção tutorial orienta-se pelos seguintes princípios:
Princípio da implicação - Professor tutor, aluno, família e a restante comunidade educativa deverão estar implicadas, tendo para esse efeito o professor tutor, em parceria com o Conselho de tutores, com o director de tur ma e com os serviços de apoio do Agrupamento, um papel fundamental;
Princípio do co-protagonismo das partes - Ambas as partes envolvidas nos grupos de Tutoria (Tutores e Tutorandos) devem participar e desempenhar um papel activo no desenvolvimento do processo;
Princípio da confiança – Deve ser proporcionado aos alunos um ambiente de confiança, no intuito de incentivar a abertura do aluno para partilhar as suas dificuldades/problemas/conquistas;
Princípio da individualidade e confidencialidade - O Professor Tutor, assim como outros agentes educativos em articulação, devem atender e respeitar as características específicas do aluno, mantendo a sua confidencialidade;
Princípio da avaliação - O processo de acção tutorial deve ser avaliado continuamente, utilizando para o efeito a diversidade de registos escritos.
Perfil dos Tutorandos
A designação do aluno/turma a ser acompanhado em Tutoria deverá ter em conta os seguintes aspectos:
a) Absentismo / risco de abandono escolar;
b) Baixo rendimento escolar;
c) Falta de motivação;
d) Problemas de integração escolar;
e) Dificuldades de relacionamento com os diferentes membros da comunidade escolar;
f) Dificuldades de comunicação;
g) Incumprimento de regras;
h) Problemas comportamentais;
i) Ambiente familiar desestruturado;
j) Indicação por técnicos especializados;
k) Alunos acompanhados pela CPCJ, cujas problemáticas se enquadram nas anteriores.
Funções dos Tutorandos
Compete ao aluno acompanhado em Tutoria:
a) Estar presente no local e hora combinada com o Professor Tutor, para a sessão de Tutoria;
b) Participar nas sessões marcadas com o Professor Tutor, contribuindo para o seu adequado desenvolvimento;
c) Respeitar todos os sujeitos envolvidos no grupo de Tutoria;
d) Realizar as tarefas propostas pelo Professor Tutor;
e) Cumprir eventuais acordos estabelecidos com o Professor Tutor;
f) Sugerir actividades a realizar nas sessões de Tutoria;
g) Contribuir para a elaboração do Plano Individual de Acção Tutorial;
h) Realizar a auto-avaliação do seu desempenho em Tutoria, duas vez por Período;
i) Tomar conhecimento da avaliação periódica realizada pelo Professor Tutor e pelo conselho de turma.
Perfil dos Professores Tutores
a) Estar motivado para o trabalho de tutoria;
b) Estar disponível para estabelecer relações com os alunos, famílias, colegas e comunidade
c) Ter já, ou estar preparado para fazê-lo, laços sociais fortes com os pares e com a comunidade;
d) Ser organizado;
e) Ser flexível;
f) Ser perseverante;
g) Ser paciente.
Funções dos Professores Tutores
Compete aos Professores Tutores:
a) Acompanhar de forma individualizada/grupo o processo educativo de um grupo restrito/turma de alunos, de preferência ao longo do seu percurso escolar;
b) Contribuir para o sucesso educativo e para a diminuição do abandono escolar, conforme previsto no Projecto Educativo TEIP do Agrupamento;
c) Facilitar a integração dos alunos na turma e na escola, fomentando a sua participação nas diversas actividades;
d) Aconselhar e orientar no estudo e nas tarefas escolares;
e) Atender às dificuldades de aprendizagem dos alunos para propor, sempre que necessário, adaptações curriculares, em colaboração com os professores da turma e os serviços especializados;
f) Desenvolver a acção de Tutoria de forma articulada, quer com a família, quer com os serviços especializados de apoio educativo (GAAF, Animação de Pátio);
g) Promover a articulação das actividades escolares dos alunos com outras actividades formativas;
h) Esclarecer os alunos sobre as suas possibilidades educativas e os percursos de educação e formação disponíveis;
i) Ensinar os alunos a expressarem-se, a definirem objectivos pessoais, a auto avaliarem-se de forma realista e a serem capazes de valorizar e elogiar os outros;
j) Trabalhar de modo mais directo e personalizado com os alunos que manifestem um baixo nível de auto estima ou dificuldade em atingirem os objectivos definidos;
k) Aplicar questionários/outras metodologias de análise que propiciem um conhecimento aprofundado das características próprias dos alunos;
l) Articular com os docentes das disciplinas em que os alunos revelam maiores dificuldades nas actividades de apoio à recuperação;
m) Facilitar a cooperação educativa entre os docentes da(s) turma(s) e os pais/encarregados de educação dos alunos;
n) Implicar os pais/encarregados de educação em actividades de controlo do trabalho escolar;
o) Informar, sempre que solicitado, os pais/encarregados de educação, o Conselho de Turma e os alunos sobre as actividades desenvolv idas e o concomitante rendimento;
p) Implicar as famílias na educação dos alunos para normalizar critérios que promovam uma maior coerência entre escola e família;
q) Elaborar a Ficha de caracterização do aluno;
r) Elaborar o Plano individual/grupal de acção tutorial;
s) Realizar a Avaliação Periódica da Tutoria, a ser entregue ao Director de Turma e ao Director do Agrupamento para análise.
t) Estar presente no local e hora combinada com o aluno, para a sessão de tutoria.
Actividades a desenvolver com os alunos
a) Explicar as funções e tarefas da Tutoria, dando aos alunos a oportunidade de participarem na programação de activ idades e de exporem os seus pontos de vista sobre questões que digam respeito ao grupo;
b) Realizar entrevistas individuais com os alunos (informativ as, orientadoras, …), sempre que necessário;
c) Aplicar questionários ou outras metodologias para conhecer as características Aplicar questionários ou outras metodologias para conhecer as características;
d) Aplicar questionários ou outras metodologias para conhecer as características necessidades, dificuldades, problemas e expectativas;
e) Aprofundar o conhecimento das atitudes, interesses e motivações dos alunos para os ajudar na tomada de decisões sobre as suas opções educativas e/ou profissionais;
f) Preparar com o grupo de alunos as provas de avaliação nas disciplinas em que revelem mais dificuldades; comentar e tomar decisões após os resultados das mesmas;
g) Promover e coordenar actividades em colaboração com os Directores de Turma, os professores e os serviços especializados de apoio educativo, que fomentem a convivência, a integração e a participação dos alunos na vida da escola e no meio, convivência, a integração e a participação dos alunos na vida da escola e no meio,
- Actividades para «ensinar a ser pessoa»;
- Actividades para «ensinar a pensar»;
- Actividades para «ensinar a conviver»;
- Actividades para «ensinar a comportar-se»;
- Actividades para «ensinar a decidir».
Articulação com os Pais e Encarregados de Educação
De forma a efectivar a articulação com os pais/encarregados de educação, podem ser desenvolvidas as seguintes actividades:
a) Apresentar aos Pais/Encarregados de Educação os PIAT e respectiva programação, propiciando a sua participação e recolhendo sugestões;
b) Explicar aos Pais/Encarregados de Educação as funções e tarefas da Tutoria, solicitando-lhes para participar na programação de actividades e exporem os seus pontos de vista;
c) Promover a colaboração dos pais/encarregados de educação no acompanhamento do trabalho pessoal do aluno, nomeadamente a organização do tempo de estudo em casa, do tempo livre e do descanso;
d) Preparar, em colaboração com os pais/encarregados de educação, actividades extracurriculares, quando tal for possível e pertinente;
e) Reunir com os pais/encarregados de educação quando o solicitarem ou quando o Professor Tutor considerar necessário, de forma a prevenir situações de insucesso educativo;
f) Colaborar na organização de debates/encontros sobre temas de interesse para os pais/encarregados de educação, com o apoio de outros serviços do Agrupamento, nomeadamente: O GAAF;
g) Elaborar o calendário da Tutoria com os pais/encarregados de educação;
h) Definir os procedimentos e a periodicidade para as entrevistas de Tutoria com a família.
Plano Individual de Acção Tutorial
Elaboração:
O Plano Individual de Acção Tutorial (PIAT) é elaborado pelo Professor Tutor que acompanha o aluno/turma, procedendo, posteriormente, à sua divulgação e discussão em Conselho de Turma.
Participação e Articulação com o Conselho de Turma:
- O PIAT é parte integrante do Projecto Curricular de Turma;
- O PIAT deve ser objecto de discussão em Conselho de Turma, e reformulado sempre que este considere necessário;
- O PIAT deve ser mencionado no Plano de Recuperação, quando existente.
Tempo atribuído à Acção Tutorial
Tempo por professor:
No 2º e 3º Ciclo, cada Professor Tutor dispõe de 45 minutos no seu horário, sendo este o período para acompanhar os alunos.
No Pré-Escolar e 1º Ciclo, o Professor Tutor dispõe de 45 minutos para acompanhar cada aluno.
Conselho de Professores Tutores
Composição:
a) O Conselho de Professores Tutores é composto pelo conjunto dos Professores Tutores do Agrupamento;
b) A bolsa de Professores Tutores deve ser actualizada anualmente, mantendo-se, sempre que possível, os grupos de Tutoria já existentes (Professor-alunos).
Competências:
a) Assegurar a articulação e uniformização de procedimentos a adoptar na Tutoria;
b) Conceber, planificar e implementar formas de actuação junto de alunos, pais/encarregados de educação, professores e outras entidades;
c) Avaliar o exercício da acção tutorial desenvolvida, identificando possibilidades e constrangimentos;
d) Partilhar, reflectir e discutir sobre o trabalho desenvolvido;
e) Identificar necessidades de formação no âmbito da Tutoria.
Funcionamento:
- O Conselho reúne ordinariamente uma vez por período e extraordinariamente sempre que se considere necessário.
- As reuniões têm duração máxima de duas horas.
- Em caso da ordem de trabalhos não ser cumprida no tempo previsto, os elementos presentes poderão decidir entre: prolongar a sua duração ou marcar nova reunião imediatamente, ficando dispensada a sua convocatória.
Convocatórias:
As convocatórias das reuniões ordinárias e extraordinárias serão afixadas com a antecedência de 48 horas.
Actas:
- As reuniões serão secretariadas, rotativamente, pelos Professores Tutores.
- As actas serão arquivadas no respectivo dossier, depois de lidas e aprovadas.
Coordenador dos Professores Tutores
Competências:
a) Divulgar junto dos Professores Tutores, toda a informação necessária ao adequado desenvolvimento das suas competências;
b) Convocar, coordenar e presidir às reuniões de Professores Tutores;
c) Planificar, em colaboração com o conselho de Professores Tutores, as actividades a desenvolv er anualmente;
d) Colaborar com os professores tutores na elaboração dos PIAT (Plano Individual de Acção Tutorial);
e) Monitorizar a aplicação dos PIAT;
f) Dar resposta às necessidades de formação no âmbito da Tutoria, desencadeando mecanismos de acesso à formação;
g) Apresentar ao Director e sua equipa um relatório crítico, anual, do trabalho desenvolvido.
Avaliação da Acção Tutorial
Avaliação do desenvolvimento do Plano Individual de Acção Tutorial:
- Os resultados do desenvolvimento do Plano Individual de Acção Tutorial são avaliados através da realização da Avaliação Periódica da Tutoria
- O Relatório Periódico de Avaliação Tutorial contém a avaliação do Professor Tutor, assim como o parecer do Conselho de Turma acerca do desenvolvimento do acompanhamento do/s aluno/s no âmbito da Acção Tutorial.